sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gentileza gera gentileza




Alguns meses atrás observei essa frase em um adesivo no vidro traseiro de um automóvel.
Uma citação simples com apenas três palavras, mas carregada de significado.
A princípio gostei da idéia, nada mais que uma representação abstrata de algo que poderia pôr em prática algum dia.
Dois farois de trânsito a frente, o mesmo passa desapercebido, ou propositadamente, e não para frente a faixa de pedestres ao sinal gestual de um transeunte. Acreditei que o condutor do veículo fizesse jus ao que plantava.
Questiono a intenção em detrimento ao ato cometido.
Não julguei, tão pouco me preocupei se o motorista era, estava, ou mesmo cometeu tal indelicadeza seja qual motivação justificava o ato.
Continuei meu caminho com a frase fixa na cachola, atribuindo a mesma, a carga de significado outrora creditada.
No dia seguinte, esperando a chegada do elevador em um shopping da cidade, ao meu lado, a mãe (imaginando ser pela semelhança física) e duas adolescentes tagarelando entusiasmadas com o desejo consumista que as pertence por etariedade.   
Antes mesmo da abertura total da porta, uma das meninas praticamente salta em direção ao interior do elevador, quando a mãe a agarra pela camisa puxando-a de volta em um movimento ninja.
     - espere este senhor entrar, ele chegou primeiro que você ! disse a mãe em tom repreendedor.
Estendi o braço sinalizando que ela poderia entrar primeiro. Foi quando iniciou um pequeno diálogo extendido ao interior da cabine.
     - o senhor entra primeiro, não foi essa educação que dei as minhas filhas.
     - faço questão que a senhora entre primeiro com elas.
     - o senhor me desculpe.
     - é natural da idade, estão ansiosas para as compras, não se preocupe.
     - obrigado, o senhor foi gentil.
Sem querer ser moralista tão pouco piegas, sapequei a frase lida no dia anterior.
     - gentileza gera gentileza.
Foi quando para minha surpresa, ouço a seguinte afirmativa daquela jovem senhora.
     - meu marido tem um adesivo no carro dele com essa frase, mas nem sempre lembra que ela existe.
Confesso que não fiz nenhuma analogia ao motorista do início.
O que aparentemente foi uma passagem cotidiana corriqueira, ou mesmo ridícula no ponto de vista narrativo, e sem nenhuma consequência prática, serviu no entanto para afirmar que:
Gentileza sim ! gera gentileza.
O que era um belo sorriso estampado no rosto daquela menina, rapidamente transformou-se em uma face envergonhada, insegura. Mesmo sabendo e concordando, que a repreenda aplicada pela mãe surtiu efeito imediato, abri um sorriso e fixei olhar nos olhos marejados da garota, onde a recíproca veio de imediato.
Foi a partir desta passagem, como disse, trivial, que venho exercitando cotidianamente minha porção gentil. E confesso seguramente, me sinto bem a vontade quando aplico esse princípio.
O que não fui gentil com meus pais, irmãos, amigos, pessoas próximas ou desconhecidas, o faço hoje.
O que foi apenas uma frase, tornou-se máxima, ao menos para mim.

2 comentários:

  1. Deco,
    Simplesmente, adorei!
    Parabéns pela ótima escolha e bom gosto!
    beijos da tia
    Lu

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  2. Criatura!
    Além de bom amigo e conselheiro, saiba que tem o dom das palavras!
    Gentileza gera gentileza! Sou praticante dessa "atividade", coisa rara hoje em dia!
    O culpado não é o estressante cotidiano, mas de nós mesmos que não temos tempo pra cuidar de detalhes que, às vezes, por um ato gentil pode revigorar o dia de uma pessoa, ou melhor, fazer com que esta faça uma reflexão que pessoas educadas ainda existem!
    Continue Mr a desenrolar suas idéias.
    bjim da piá

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