Alguns meses atrás observei essa frase em um adesivo no vidro traseiro de um automóvel.
Uma citação simples com apenas três palavras, mas carregada de significado.
A princípio gostei da idéia, nada mais que uma representação abstrata de algo que poderia pôr em prática algum dia.
Dois farois de trânsito a frente, o mesmo passa desapercebido, ou propositadamente, e não para frente a faixa de pedestres ao sinal gestual de um transeunte. Acreditei que o condutor do veículo fizesse jus ao que plantava.
Questiono a intenção em detrimento ao ato cometido.
Não julguei, tão pouco me preocupei se o motorista era, estava, ou mesmo cometeu tal indelicadeza seja qual motivação justificava o ato.
Continuei meu caminho com a frase fixa na cachola, atribuindo a mesma, a carga de significado outrora creditada.
No dia seguinte, esperando a chegada do elevador em um shopping da cidade, ao meu lado, a mãe (imaginando ser pela semelhança física) e duas adolescentes tagarelando entusiasmadas com o desejo consumista que as pertence por etariedade.
Antes mesmo da abertura total da porta, uma das meninas praticamente salta em direção ao interior do elevador, quando a mãe a agarra pela camisa puxando-a de volta em um movimento ninja.
- espere este senhor entrar, ele chegou primeiro que você ! disse a mãe em tom repreendedor.
Estendi o braço sinalizando que ela poderia entrar primeiro. Foi quando iniciou um pequeno diálogo extendido ao interior da cabine.
- o senhor entra primeiro, não foi essa educação que dei as minhas filhas.
- faço questão que a senhora entre primeiro com elas.
- o senhor me desculpe.
- é natural da idade, estão ansiosas para as compras, não se preocupe.
- obrigado, o senhor foi gentil.
Sem querer ser moralista tão pouco piegas, sapequei a frase lida no dia anterior.
- gentileza gera gentileza.
Foi quando para minha surpresa, ouço a seguinte afirmativa daquela jovem senhora.
- meu marido tem um adesivo no carro dele com essa frase, mas nem sempre lembra que ela existe.
Confesso que não fiz nenhuma analogia ao motorista do início.
O que aparentemente foi uma passagem cotidiana corriqueira, ou mesmo ridícula no ponto de vista narrativo, e sem nenhuma consequência prática, serviu no entanto para afirmar que:
Gentileza sim ! gera gentileza.
O que era um belo sorriso estampado no rosto daquela menina, rapidamente transformou-se em uma face envergonhada, insegura. Mesmo sabendo e concordando, que a repreenda aplicada pela mãe surtiu efeito imediato, abri um sorriso e fixei olhar nos olhos marejados da garota, onde a recíproca veio de imediato.
Foi a partir desta passagem, como disse, trivial, que venho exercitando cotidianamente minha porção gentil. E confesso seguramente, me sinto bem a vontade quando aplico esse princípio.
O que não fui gentil com meus pais, irmãos, amigos, pessoas próximas ou desconhecidas, o faço hoje.
O que foi apenas uma frase, tornou-se máxima, ao menos para mim.
Deco,
ResponderExcluirSimplesmente, adorei!
Parabéns pela ótima escolha e bom gosto!
beijos da tia
Lu
Criatura!
ResponderExcluirAlém de bom amigo e conselheiro, saiba que tem o dom das palavras!
Gentileza gera gentileza! Sou praticante dessa "atividade", coisa rara hoje em dia!
O culpado não é o estressante cotidiano, mas de nós mesmos que não temos tempo pra cuidar de detalhes que, às vezes, por um ato gentil pode revigorar o dia de uma pessoa, ou melhor, fazer com que esta faça uma reflexão que pessoas educadas ainda existem!
Continue Mr a desenrolar suas idéias.
bjim da piá